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Hoje, trazemos o filme baseado na história do médium norte-americano James Van Praagh (Ted Danson, de O Resgate do Solado Ryan), que desde a infância apresentou visões dos Espíritos, chegando, às vezes, a dialogar com eles. James aprendeu muito cedo que, para não gerar confusão e até reações hostis, não podia revelar às pessoas tudo o que via e ouvia do Outro Lado da vida...
Ele encontrou em sua mãe muita compreensão e paciência, mas, ao contrário, seu pai (o veterano ator Jack Palance, de Batman) nunca conseguiu aceitar a sua mediunidade e sempre o pressionou para não exercê-la. A maior parte do filme focaliza a elucidação, pela mediunidade, de dois casos policiais.
Ficha técnica
Talking to heaven / Falando com os mortos
EUA, 2001. Direção de Stephen Gyllenhaal.
Com Ted Danson, Mary Steenburgen, Jack Palance.
Roteiro de John Pielmeier. Co-produção de James Van Praagh.
Hallmark E. Production, colorido, 14 anos, 2h22, Alpha Filmes.
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Aluney Elferr Albuquerque Silva
Durante o sono o Espírito desprende-se do corpo; devido aos laços fluídicos estarem mais tênues. A noite é um longo período em que está livre para agir noutro plano de existência. Porém, variam os graus de desprendimento e lucidez. Nem todos se afastam do seu corpo, mas permanecem no ambiente doméstico; temem fazê-lo, sentir-se-iam constrangidos num meio estranho (aparentemente).
Outros movimentam-se no plano espiritual, mas suas atividades e compressões dependem do nível de elevação. O princípio que rege a permanência fora do corpo é o da afinidade moral, expressa, conforme a explanação anterior, por meio da afinidade vibratória ou sintonia.
O espírito será atraído para regiões e companhias que estejam harmonizadas e sintonizadas com ele através das ações, pensamentos, instruções, desejos e intenções, ou seja, impulsos predominantes. Podendo assim, subir mais ou se degradar mais.
O lúbrico terá entrevistas eróticas de todos os tipos, o avarento tratará de negócios grandiosos (materiais) e rendosos usando a astúcia. A esposa queixosa encontrará conselhos contra o seu marido, e assim por diante. Amigos se encontram para conversas edificantes, inimigos entram em luta, aprendizes farão cursos, cooperadores trabalharão nos campos prediletos, e, assim, caminhamos.
Para esta maravilhosa doutrina, conforme tais considerações, o sonho é a recordação de uma parte da atividade que o espírito desempenhou durante a libertação permitida pelo sono. Segundo Carlos Toledo Rizzini, interpretação freudiana encara o sonho como apontando para o passado, revelando um aspecto da personalidade.
Para o Espiritismo, o sonho também satisfaz impulsos e é uma expressão do estilo de vida, com uma grande diferença: a de não se processar só no plano mental, mas ser uma experiência genuína do espírito que se passa num mundo real e com situações concretas. Como vimos, o espírito, livre temporariamente dos laços orgânicos, empreende atividades noturnas que poderão se caracterizar apenas por satisfação de baixos impulsos, como também, trabalhar e aprender muito. Nesta experiência fora do corpo, na oportunidade do desprendimento através do sono, o ser, poderá ver com clareza a finalidade de sua existência atual, lembrar-se do passado, entrevê o futuro, todavia a amplitude ou não dessas possibilidades é relativa ao grau de evolução do espírito.
Verifiquemos três questões do Livro dos Espíritos, no capítulo VIII, perguntas: 400, 401 e 403.
P-400 “O Espírito encarnado permanece de bom prazer no seu corpo material? - É como se perguntasse a um presidiário, se gostaria de sair do presídio. O espírito aspira sempre à sua libertação e tanto mais deseja ver-se livre do seu invólucro, quanto mais grosseiro é este.
P-401 “Durante o sono a alma repousa como o corpo? - Não, o espírito jamais está inativo. Durante o sono, afrouxam-se os laços entre corpo e espírito e, ele se lança pelo espaço e entra em relação com os outros espíritos sintonizados por ele.
P-403 “Como podemos julgar a liberdade do espírito, durante o sono? - Pelos sonhos.
O sono liberta parcialmente a alma do corpo, quando adormecido o espírito se acha no estado em que fica logo a morte do seu corpo.
O sonho é a lembrança do que o espírito viu durante o sono. Podemos notar, que nem sempre sonhamos. Mas, o que isso quer dizer? Que nem sempre nos lembramos do que vimos, ou de tudo o que havemos visto, enquanto dormimos. É que não temos ainda a alma no pleno desenvolvimento de suas faculdades. Muitas vezes somente nos fica a lembrança da perturbação que o nosso Espírito experimentou.
Graças ao sono os Espíritos encarnados estão sempre em relação com o mundo dos Espíritos. As manifestações, que se traduzem muitas vezes por visões e até mesmo, “assombrações” mais comuns se dão durante o sono, por meio dos sonhos. Elas podem ser: uma visão atual das coisas, futuras, presentes ou ausentes; uma visão do passado e, em alguns casos excepcionais, um pressentimento do futuro. Também muitas vezes são quadros alegóricos que os Espíritos nos põem sob as vistas, para dar-nos úteis avisos e salutares conselhos, se se trata de Espíritos bons, e para induzir-nos ao erro, à maledicência, às paixões, se são Espíritos imperfeitos.
O sonho é uma expressão da vida real da personalidade. O espírito procura atender a desejos e intenções inconscientes e conscientes durante esse tempo de liberdade temporária. Conforme o grau, tipo de sintonia e harmonia gerada pela afinidade moral com outros Espíritos, direciona-se automaticamente para a parte do mundo espiritual que melhor satisfaça essa sintonia e suas metas e objetivos, ainda que não lícitos; e aí conta com amigos, sócios, inimigos, desafetos, parentes, “mestres” etc.
Contamos ainda com mais dois tipos de sonhos. O primeiro é o premonitório, quando se toma algumas informações ou conselhos sobre algum acontecimento futuro. O segundo é o pesadelo, ou seja, o sonho ansioso, em que entra o terror. É também uma experiência real, porém, penosa; o sonhador vê-se pressionado por inimigos ou por animais monstruosos, tem de atravessar zonas tenebrosas, sofrer castigos, que de fato são vivências provocadas por agentes do mal ou por desafetos desta ou de outras vidas.
Preparação para o Sono
Verificando o lado físico da questão, vamos ver a importância do sono, pelo fato de passarmos 1/3 de nosso dia dormindo, nesta atividade o corpo físico repousa e liberta toxinas. Para o lado espiritual, o espírito liga-se com os seus amigos e intercambia informações, e experiências.
Façamos um preparo para o nosso repouso diário:
Orgânico – refeições leves, higiene, respiração moderada, trabalho moderado, condução de nosso corpo quanto a postura sem extravagâncias.
Mental Espiritual - leituras edificantes, conversas salutares, meditação, oração, serenidade, perdão, bons pensamentos.
Todavia não nos esqueçamos que toda prece se fortifica com atos voltados ao bem, pois então, atividades altruístas possibilitam uma melhor afinidade com os bons espíritos.
Perispírito e Desdobramento
Embora, durante a vida, o Espírito seja fixado ao corpo pelo perispírito, não é tão escravo, que não possa alongar sua corrente e se transportar ao longe, seja sobre a terra, seja sobre qualquer outro ponto do espaço. (Allan Kardec , A Gênese, Cap. XIV, It 23).
Gabriel Delanne, em “O Espiritismo perante a Ciência”, conclui: A melhor prova de existência do perispírito é mostrar que o homem pode desdobrar-se em certas circunstâncias.
Desdobramento
É o nome que se dá o fenômeno de exteriorização do corpo espiritual ou perispírito.
O perispírito ainda ligado ao corpo, distancia-se do mesmo, fazendo agora parte do mundo espiritual, ainda que esteja ligado ao corpo por fios fluídicos. Fenômenos estes, naturais que repousam sobre as propriedades do perispírito, sua capacidade de exteriorizar-se, irradiar-se, sobre suas propriedades depois da morte que se aplicam ao perispírito dos vivos (encarnados).
Os laços que unem o perispírito ao corpo temporal, afrouxam-se por assim dizer, facultando ao espírito manter-se em relativa distancia, porém, não desligado de seu corpo. E esta ligação, permite ao espírito tomar conhecimento do que se passa com o seu corpo e retornar instantaneamente se algo acontecer. O corpo por sua vez, fica com suas funções reduzidas, pois dele foram distanciados os fluidos perispirituais, permanecendo somente o necessário para sua manutenção. Este estado em que fica o corpo no momento do desdobramento, também depende do grau de desdobramento que aconteça.
Os desdobramentos podem ser:
a) Conscientes: este, caracteriza-se pela lembrança exata do ocorrido, quando ao retornar ao corpo o ser recorda-se dos fatos e atividades por ele desempenhadas no ato do desdobramento. O sujeito é capaz de ver o seu “Duplo”, bem próximo, ou seja, de ver a ele mesmo no momento exato em que se inicia o desdobramento. Facilmente nestes casos, sente-se levantando geralmente a cabeça primeiramente e o restante do corpo, depois. Alguns flutuam e vêem o corpo carnal abaixo deitado, outros vêem-se ao lado dos corpos, todavia esta recordação é bastante profunda e a consciência e altamente límpida neste instante. Existe uma ligação ainda profunda dos fluidos perispirituais entre o corpo e o perispírito, facilitando assim, as recordações pós-desdobramento.
b) Inconscientes: ao retornar o ser de nada recorda-se. Temos que nos lembrar que na maioria das vezes a atividade que desempenha o ser no momento desdobrado, fica como experiências para o próprio ser como espírito, sendo lembrado em alguns momentos para o despertar de algumas dificuldades e vêem como intuições, idéias.
Os fluidos perispirituais são neste caso bem mais tênues e a dificuldade de recordação imediata fica um pouco mais árdua, todavia as informações e as experiências ficam armazenadas na memória perispiritual, vindo a tona futuramente.
Em realidade a palavra inconsciente, é colocada por deficiência de linguagem, pois, inconsciência não existe, tendo em vista o despertar do espírito, levando consigo todas as experiências efetivadas pelo mesmo, então colocamos a palavra inconsciente aqui, é somente para atestarmos a temporária inconsciência do ser enquanto encarnado.
c) Voluntários: se a própria pessoa promove este distanciamento. Analisemos algo bastante singular, nem todos os desdobramentos voluntários há consciência, pois como dissemos acima poderão haver algumas lembranças do ocorrido, existem ainda muitas dificuldades, no momento em que o espírito através de seu perispírito aproxima-se novamente de seu corpo, pela densidade ainda dos órgãos cerebrais é possível haver bloqueio dessas experiências. É necessário salientar que o ser encarnado na terra, ainda se encontra distante de controlar todos os seus potenciais, e por isso também há este esquecimento. Haja vista, algumas pessoas até provocarem o desdobramento e no momento de consciência terem medo e retornarem ao corpo apressadamente, dificultando ainda mais a recordação.
Os desdobramentos podem também ocorrer nos momentos de reflexões, onde nos encontramos analisando profundamente nossos atos e cuja atividade nos propicia encontrar com seres que nos querem orientar para o bem, parte de nosso perispírito expande-se e vai captar as experiências e orientações devidas.
d) Provocados: através de processos hipnóticos e magnéticos, agentes desencarnados ou até mesmo encarnados podem propiciar o desdobramento do ser encarnado. Os bons Espíritos podem provocar o desdobramento ou auxiliá-los sempre com finalidades superiores. Mas espíritos obsessores também podem provocá-los para produzir efeitos malefícios. Afinizando-se com as deficiências morais dos desencarnados, propiciamos assim, uma maior facilidade para que os espíritos mal-feitores possam provocar o desligamento do corpo físico atraindo o ser encarnado para suas experiências fora do corpo. A lei que exerce esta dependência é a de afinidade.
e) Emancipação letárgica: decorre da emancipação parcial do espírito, podendo ser causada por fatores físicos ou espirituais. Neste caso o corpo perde temporariamente a sensibilidade e o movimento, a pessoa nada sente, pois os fluidos perispiríticos estão muito tênues em relação a ligação com o corpo. O ser não vê o mundo exterior com os olhos físicos, torna-se por alguns instantes incapaz da vida consciente. Apesar da vitalidade do corpo continuar executando-se.
Há flacidez geral dos membros. Se suspendermos um braço, ele ao ser solto cairá.
e) Emancipação cataléptica: como acima, também resulta da emancipação parcial do espírito. Nela, existe a perda momentânea da sensibilidade, como na letargia, todavia existe uma rigidez dos membros. A inteligência pode se manifestar nestes casos. Difere da letárgica, por não envolver o corpo todo, podendo ser localizado numa parte do corpo, onde for menor o envolvimento dos fluidos perispirituais.
Fonte: http://www.espirito.org.br
1. Aspectos básicos da Doutrina Umbandista:
Uma visão geral dos vários tipos de ritual encontrados nos terreiros de Umbanda não mostra prontamente a Doutrina de Umbanda. Isto se deve à presença do sincretismo que mascara a verdadeira Doutrina, de forma a se adaptar às necessidades da população que freqüenta os templos afins. Os princípios que servem de base para todo o Movimento Umbandista são sensíveis, especialmente, nos Templos Iniciáticos e nos rituais internos de alguns terreiros, onde se percebe um interesse maior na busca da evolução espiritual, sem os véus da ilusão ditados pelo mito.
Partindo desta observação, podemos obter duas informações preciosas: A primeira é que, se fôssemos tentar compor uma Doutrina consistente, a partir das manifestações sincréticas, seria impossível atingir um quadro coerente, e mesmo que fosse possível, o mesmo ainda estaria absolutamente distante dos ensinamentos transmitidos pela “corrente iniciática”. A segunda informação importante é a de que, excluindo-se as manifestações do sincretismo nos diversos terreiros de Umbanda, é possível isolar determinados pontos de semelhança e conceitos compartilhados, que apontam para um sistema lógico, inicialmente insuspeitado, que encontra-se velado pelo caos aparente.
Dentre as semelhanças existentes entre os diversos terreiros ressalta-se a presença de Seres Espirituais da Corrente Astral de Umbanda que se manifestam pela incorporação nas formas de “Caboclos“, “Pretos-velhos” e “Crianças“. Este pode-se considerar o ponto básico que serve até como qualificador da doutrina professada por determinado núcleo espiritualista. A homogeneidade no encontro deste fator que eclodiu em coletividades distintas e fez surgir o Movimento Umbandista , leva à conclusão que a Doutrina de Umbanda é fruto da revelação destas entidades através de seus médiuns e não o resultado de uma miscigenação de cultos afro-ameríndios.
As entidades que se apresentam na Umbanda vêm personificar a Simplicidade, a Pureza e a Sabedoria, em nome de Oxalá – o Cristo Jesus – o Tutor Máximo do Planeta Terra. Através de seus conselhos, exemplos e mesmo da movimentação das forças naturais, conseguem acender a chama da Fé no coração dos consulentes que procuram os templos de Umbanda. A partir da Fé e da Razão incutem, gradualmente, na coletividade planetária, a compreensão dos mecanismos da reencarnação, das Leis Cármicas, das atrações por afinidade e sintonia e ensinam-nos os meios para caminhar seguramente em direção da nossa própria essência espiritual.
Com essas informações podemos deduzir que hoje, dentro da Umbanda, encontramos diversas interpretações e costumes. Os cultos seguem algumas influências comuns, mas são fortemente influenciados pelos seus componentes, pelos dirigentes locais que, sem uma base única e clara, permitem distorções, múltiplas facetas e ritos diversos. A Umbanda sofre o risco de se tornar conhecida pela religião, pelo culto no qual, qualquer dirigente que se diz conhecedor e com influências espirituais, abre a sua “Umbanda”, a sua moda e satisfação.
A Umbanda deve crescer pelo conhecimento e prática de bases mais sólidas, da busca da verdade e do conhecimento da Aumpram, da Lei Divina. A divulgação, estudo e compreensão da Lei Divina fortalecerá a Umbanda, eliminando mistificações e vaidades, atraindo ainda mais os verdadeiros interessados pela evolução espiritual.
2. Em que a Umbanda acredita?
Vamos encontrar bases comuns para os que estudam, praticam ou são atendidos na Umbanda. Vamos criar um foco de convergência e a partir dele tentar compreender a Umbanda de todos. Como princípios deste foco convergente entendemos que a Umbanda acredita: em Deus, no amor, na natureza, no espírito e na evolução.
Em Deus
Principio e fim. Único e todo.
Deus está fora do limite de nossos entendimentos. Apesar das dificuldades e figuras de interpretações usadas por muitos, todos tem um sentimento comum de Deus, um sentimento bom, um sentimento de Amor e isto é o importante. Quando imaginamos nosso Deus, quando os mulçumanos, judeus, católicos, budistas imaginam o “seu” Deus, podemos divergir em várias idéias, mas certamente convergimos que o Amor é a grande força de Deus.
No amor
O Amor é a força da união, é o meio de se atingir ao grande objetivo universal. Como podemos imaginar Umbanda sem o Amor. Amor é:
Meio para nosso crescimento;
Força de União Universal;
O único caminho para evolução;
O único caminho para nos encontrar;
O único caminho para chegar a Deus.
Na natureza
Natureza e o estudo pela ciência.
Somos natureza. Não acreditamos em nós?
Nosso universo é regido por leis naturais e o homem busca compreendê-las ao longo de sua evolução. A busca deste entendimento é denominada de ciência. A ciência evolui, muda seus princípios a medida de novas descobertas, de novas revelações. Muitos mistérios que se encontravam além das fronteiras do místico, do religioso, foram substituídos, foram esclarecidos pela ciência sem deixar de existir o fato de que antes era místico ou oculto. O limiar da ciência e do desconhecido é uma questão de tempo e não de verdades absolutas.
Precisamos da ciência para evoluir, para compreender fenômenos muitas vezes ainda inexplicáveis em nosso momento. Se acreditamos em nós, acreditamos na natureza e usamos a ciência para compreendê-la melhor.
A Umbanda não conflita com a ciência. Precisamos fazer uma leitura do estágio científico atual e acompanhar sua evolução, aceitando os princípios de suas teorias, aplicando nos conceitos da Umbanda. A ciência é dos homens e suas revelações acompanham sua própria evolução. Devemos utilizar as ferramentas que dispomos no momento, evoluindo e revisando nossas bases.
Dentro da natureza os seres pensam, tem inteligência e a Umbanda tem um princípio que é um processo mental, a Magia, que pode ser definida como força atuante ou influenciadora de caráter mental, criada pelo pensamento, pela vontade do ser e que também não deixa de ser também um processo natural.
No espírito
De forma simplificada podemos entender que o “Espírito” é um dos elementos da natureza que compõe um ser . O ser não está limitado ao seu corpo físico. Talvez as explicações científicas ainda não tenham chegado a uma conclusão definitiva sobre espíritos, não significando que não existam simplesmente porque a ciência do homem de hoje não conseguiu elucidá-lo completamente. As forças atômicas, os elétrons e muitos outros exemplos não eram explicados pela ciência e não por isto não existiam ou eram inverdades, eram simplesmente não atingidos pela evolução científica da época.
Um ser tem sua existência, mesmo não tendo um de seus corpos. Chamamos então de desencarnado o ser que não está utilizando ou não utiliza um corpo físico.
A Umbanda acredita na comunicação com seres, com entidades, que não estão com seus corpos físicos, vulgarmente denominada de comunicação com espíritos ou com desencarnados dos mais diversos graus de evolução. A Umbanda acredita no ser extra corpóreo e na interação entre estes seres e o nosso mundo físico, seja através da comunicação, ou efeitos e influências diversas.
Veremos que de fato, o ser é composto ou dividido em vários “corpos” ou veículos de consciência, sendo a denominação “espírito”, dada pelos espiritualistas, uma simplificação de um grupo ou conjunto de “veículos de consciência”
Na evolução
Sabemos que o Universo está em mutação, está mudando todos os momentos. Sabemos que mudamos, envelhecemos, a natureza se altera, nosso planeta sofre várias alterações desde sua formação. Tudo está se modificando a todo o momento.
Estas modificações poderiam ser denominadas de evolução. Então tudo estáem evolução. O Universo, os seres que o compõe, o conhecimento, enfim tudo. Os processos são diferentes para cada um, para cada natureza, mas o evoluir é comum a todos.
Para nós a evolução ocorre ao longo de nossa vida presente e nas próximas. Evoluímos em ciclos sucessivos, em diversas vidas, comumente chamadas de reencarnações. A evolução só pode acontecer se for de alguma forma orientada, guiada por alguma lei ou princípio. O caos não levaria ao visível processo evolutivo. A lei maior que rege o processo evolutivo de todos os seres e até mesmo de todo o Universo é a Lei do Carma, onde causa e efeito estão definitivamente relacionados.
A lei do Carma ou simplesmente Carma, em sua ação no homem, só pode ser compreendida pelos que vêem o conjunto de suas vidas, de suas reencarnações. Nossa evolução só pode ocorrer através de nossas ações. Somos seres inteligentes capazes de determinar nossas ações, a Lei do Carma trará os efeitos causados pelas causas que criamos com nossas ações.
3. Princípios:
Acreditamos que nossas ações devam ter como princípios:
PUREZA – A busca da Verdade;
HUMILDADE – O fim das vaidades e personalismos;
SIMPLICIDADE – Tentar levar ajuda a todos (Universalismo).
Forma gráfica:
Fonte:http://www.cantinhodefrancisco.com.br
Mônica Berezutchi
Toda a pessoa que escuta esta frase: “Você tem que vestir branco, e precisa desenvolver a sua mediunidade”. Pronto! Aí vem o medo e ao mesmo tempo a ansiedade, imaginando-se vestido de branco e já incorporando “seus guias”, ele julga que após poucas semanas já estará apto a “trabalhar” dando “consulta”… Será que é só colocar o médium “novo” no meio da gira e girar? Ou será que ele precisa primeiro de atenção, carinho, ajuda e esclarecimento neste momento único e delicado de transição dos seus valores religiosos, e principalmente de doutrina, acrescido de tempo e humildade de ambos os lados, seja do dirigente para com o filho pequeno (que nasce para a espiritualidade) e precisa ser cuidado com amor. Ou por parte do filho que precisa de conhecimento e isto só é conseguido através do estudo, movido pela paciência, humildade e fé, pois só assim conseguirá de fato ser um filho de fé da Umbanda Sagrada. Como as giras de desenvolvimento fazem parte deste processo mediúnico comentarei sobre os recursos rituais: atabaques, cantos, defumações, danças, roupa branca etc.
Defumações: descarregam o campo mediúnico e sutilizam suas vibrações, tornando-o receptivo às energias de ordem positiva. Ela é essencial para qualquer trabalho num terreiro, pois certas cargas se juntam (agregam) ao nosso corpo astral durante nossa vivência cotidiana, ou seja, pensamentos e ambientes de vibração pesada, rancores, preocupações, pensamentos negativos etc., tudo isso produz (ou atrai) certas formas-pensamentos que se aderem ao nosso campo eletromagnético, bloqueando transmissões energéticas. Pois bem, a defumação tem o poder de segregar estas cargas, através dos elementos ar, fogo e vegetal que a compõe, pois interpenetra o campo astral, mental e a aura, tornando-os novamente “libertos” de tal peso para produzirem seu funcionamento normal.
Palmas: se cadenciadas e ritmadas, criam um amplo campo sonoro cujas vibrações agudas alcançam o centro da percepção localizada no mental dos médiuns. Com isso, os predispõem a vibrarem ordenadamente, facilitando o trabalho de reajustamento de seus padrões magnéticos.
Cantos: a Umbanda recorre aos cantos ritmados que atuam sobre alguns plexos, que reagem aumentando a velocidade de seus giros. Com isso, captam muito mais energias exotéricas, que sutilizam rapidamente todo o campo mediúnico, facilitando a incorporação. Os pontos cantados são uma das primeiras coisas que afloram a quem vai a um terreiro de Umbanda pela primeira vez. Os pontos cantados são, dentro dos rituais, um dos aspectos mais importantes para se efetuar uma boa gira. São louvações e orações cantadas, para chegada dos Orixás e guias, também para descarga e limpeza fluídica, bem como para a subida dos Orixás e guias. Um verdadeiro ponto cantado nos atinge lá dentro do coração e da emoção, nos trazendo paz, fé, pela pureza e firmeza desses pontos maravilhosos.
Atabaque: as vibrações sonoras têm o poder de adormecer o emocional, estimulando a sensibilidade, modificando as irradiações energéticas, atuando sobre o padrão vibratório do médium, após esta mudança o mentor aproveita esta facilidade e adentra no campo eletromagnético, igualando-se ao padrão e fixando-o no mental de seu médium, direcionadamente. Em pouco tempo o médium, entra em sintonia magnética para a incorporação.
Existem vários tipos de toques:
• suaves e cadenciados (renovação afetiva e amorosa);
• vibrantes (descarrega);
• sons alegres (predispostos ao bom humor) .
Danças: A Umbanda recorrem às “danças rituais” pois, durante seu transcorrer, os médiuns se desligam de tudo e se concentram intensamente numa ação onde o movimento cadenciado facilita seu envolvimento mediúnico. Nas “giras” (danças rituais), as vibrações médium-mentor se ligam de tal forma, que o espírito do médium fica adormecido, já que é paralisado momentaneamente. No princípio, o médium sente tonturas ou enjôos, mas estas reações cessam se a entrega for total e não houver tentativa de comandar os movimentos, já que seu mentor quem o comandará. Nada é por acaso. Se o ritual de Umbanda optou pelo uso de atabaques, cantos e danças ritual, há todo um comando pelos senhores do alto dando amparo e sustentação.
Roupa branca: O branco é a cor de Oxalá, que é o regente da Fé, da religiosidade dos seres da pureza, da humildade, da benevolência, da paciência da fraternidade da união e da caridade… O simbolismo da veste branca é bem visível, além de permitir uma uniformidade na apresentação do corpo mediúnico. Mas, se alguém se veste de branco e assume o grau de médium, dele também se exige que purifique seu íntimo, reformule seus conceitos a respeito da religiosidade e porte-se de acordo com o que dele esperam os Orixás Sagrados, pois estes que o ampararão daí em diante. O fato é que a Umbanda como uma religião possui seus próprios rituais, suas próprias característica, e suas práticas.
Desenvolver a mediunidade não significa dar algo a quem não está habilitado para recebê-lo, mas sim, em habilitar alguém a assumir conscientemente o dom com o qual foi ungido.Saravá Umbanda!
Fonte:http://estudoreligioso.wordpress.com
Por James Mytho
CULTO A IEMANJÁ: ALGO “DEMONÍACO” PARA MUITOS CRISTÃOS
A CONSTRUÇÃO DO MITO
O ENTENDIMENTO DO MITO
EXÚ: DE ORIXÁ MENSAGEIRO A DIABO CRISTÃO
A LIBERTAÇÃO DO MITO
Referências bibliográficas:
Prandi, Reginaldo. “Exú, de mensageiro a diabo – sincretismo católico e demonização do orixá Exú”. São Paulo, Revista USP, 2001.
Quantas vezes, devido às nossas fraquezas, nos indagamos sobre a presença de Deus e a sua obra. Somos tomados por dúvidas sobre a existência Dele, principalmente diante das tantas diferenças que existem em todos os cantos que o nosso olhar alcança. Questionamos a vida, o nosso próprio corpo pela tamanha complexidade. Frente às nossas fragilidades, apelamos para Ele implorando a sua generosidade. Não foram poucas as vezes que nos perguntamos: "O que eu estou fazendo nestse mundo?". Em outros momentos, temos convicção inabalável de que esse plano é apenas uma passagem para outros em uma escala de evolução, cuja dimensão nem sequer temos a menor ideia.
Nesta semana trazemos um artigo do filosófo e teólogo Leonardo Boff. Há anos, ele deixou a vida eclesiástica, como frei, e segue ensinando a todos. Diferentemente daqueles que têm formação religiosa em práticas de matriz europeia, Boff é admirador e nutre profundo respeito pela Umbanda. Essa não é a primeira vez que publicamos um dos seus muitos artigos no Blog dos Caminheiros.
O artigo dessa semana, intitulado Como Deus emerge no processo evolucionário? pode nos ajudar a alargarmos nosso entendimento sobre as ações das forças divinas e compreender que, passados milhões de anos, nossa morada terrena ainda está em desenvolvimento e todos nós seguimos no mesmo compasso. Confira e, não fique acanhado, deixe o seu comentário no blog. Boa leitura.
Como Deus emerge no processo evolucionário?
Leonardo Boff
A nova cosmologia, derivada das ciências do universo, da Terra e da vida, vem formulada no arco da evolução ampliada. Esta evolução não é linear. Conhece paradas, recuos, avanços, destruições em massa e novas retomadas. Mas, olhando-se para trás, o processo mostra uma direção: para frente e para cima.
Somos conscientes de que renomados cientistas se recusam a aceitar uma direcionalidade do universo. Ele seria simplesmente sem sentido. Outros, cito apenas um, como o conhecido físico da Grã-Bretanha Freeman Dyson que afirma:”Quanto mais examino o universo e estudo os detalhes de sua arquitetura, tanto mais evidências encontro de que ele, de alguma maneira, devia ter sabido que estávamos a caminho”.
De fato, olhando retrospectivamente o processso evolucionário que já possui 13,7 bilhõs de anos, não podemos negar que houve uma escalada ascendente: a energia virou matéria, a matéria se carregou de informações, o caos destrutivo se fez generativo, o simples se complexificou, e de um ser complexo surgiu a vida e da vida a consciência. Há um propósito que não pode ser negado. Efetivamente, se as coisas em seus mínimos detalhes, não tivessem ocorrido, como ocorreram, nós humanos não estaríamos aqui para falar destas coisas.
Escreveu com razão o conhecido matemático e físico Stephen Hawking em seu livro Uma nova história do tempo (2005):”tudo no universo precisou de um ajuste muito fino para possibilitar o desenvolvimento da vida; por exemplo, se a carga elétrica do elétron tivesse sido apenas ligeiramente diferente, teria destruído o equilíbrio da força eletromagnética e gravitacional nas estrelas e, ou elas teriam sido incapazes de queimar o hidrogênio e o hélio, ou então não teriam explodido. De uma maneira ou de outra, a vida não poderia existir".
Como emerge Deus no processo cosmogênico? A ideia de Deus surge quando colocamos a questão: o que havia antes do big-bang? Quem deu o impulso inicial? O nada? Mas do nada nunca vem nada. Se apesar disso apareceram seres é sinal de que Alguém ou Algo os chamou à existência e os sustenta no ser.
O que podemos sensatamente dizer, é: antes do big bang existia o Incognscível e vigorava o Mistério. Sobre o Mistério e o Incognoscível, por definição, não se pode dizer literalmente nada. Por sua natureza, eles são antes das palavras, das energia,da matéria, do espaço e do tempo.
Ora, o Mistério e o Incognoscível são precisamente os nomes que as religiões e também o Cristianismo usam para significar aquilo que chamamos Deus. Diante dele mais vale o silêncio que a palavra. Não obstante, Ele pode ser percebido pela razão reverente e sentido pelo coração como uma Presença que enche o universo e faz surgir em nós o sentimento de grandeza, de majestade, de respeito e de veneração.
Colocados entre o céu e a terra, vendo as miríades de estrelas, retemos a respiração e nos enchemos de reverência. Naturalmente nos surgem as perguntas: Quem fez tudo isso? Quem se esconde atrás da Via-Lactea? Como disse o grande rabino Abraham Heschel de Nova York: “Em nossos escritórios refrigerados ou entre quatro paredes brancas de uma sala de aula podemos dizer qualquer coisa e duvidar de tudo. Mas inseridos na complexidade da natureza e imbuidos de sua beleza, não podemos calar. É impossível desprezar o irromper da aurora, ficar indiferentes diante do desabrochar de uma flor ou não quedar-se pasmados ao contemplar uma criança recém-nascida”. Quase que espontaneamente dizemos: foi Deus quem colocou tudo em marcha. É Ele a Fonte originária e o Abismo alimentador de tudo.
Outra questão importante é esta: que Deus quer expressar com a criação? Responder a isso não é preocupação apenas da consciência religiosa, mas da própria ciência. Sirva de ilustração o já citada Stephen Hawking, em seu conhecido livro Breve história do tempo (1992): “Se encontrarmos a resposta de por que nós e o universo existimos, teremos o triunfo definitivo da razão humana; porque, então, teremos atingido o conhecimento da mente de Deus”(p. 238). Até hoje os cientistas estão ainda buscando o desígnio escondido de Deus.
A partir de uma perspectiva religiosa, suscintamente, podemos dizer: O sentido do universo e de nossa própria existência consciente parece residir no fato de podermos ser o espelho no qual Deus mesmo se vê a si mesmo. Cria o universo como desbordamento de sua plenitude de ser, de bondade e de inteligência. Cria para fazer outros participarem de sua suberabundância. Cria o ser humano com consciência para que ele possa ouvir as mensagens que o universo nos quer comunicar, para que possa captar as histórias dos seres da criação, dos céus, dos mares, das florestas, dos animais e da próprio processo humano e religar tudo à Fonte originária de onde procedem.
O universo está ainda nascendo. A tendência é acabar de nascer e mostrar as suas potencialidades escondidas. Por isso, a expansão significa também revelação. Quando tudo tiver se realizado, então se dará a completa revelação do desígnio do Criador.
Leonardo Boff é autor de Tempo de Transcendência: o ser humano como projeto infinito, Vozes 2005.
Refeições com carnes, ou vermelhas ou brancas, provocam sempre uma discussão. Em março do ano passado, ublicamos um artigo do médico Ricardo Di Bernardi, de Florianópolis (SC) sobre o tema. Ele aconselhava, com base em orientação dos espíritos, evitarmos a ingestão de carne principalmente nos dias de trabalhos mediúnicos (ver http://oscaminheiros.blogspot.com.br/2012/03/porque-evitar-carne-vermelha-antes-nos.html)
Hoje, voltamos com o tema por meio de um artigo de Fernanda Veira, espírita vegetariana, doutoranda em bem-estar anima. Ela se apoia no Livro do Espíritos (LE), de Allan Kardec , e também em declarações do médium Francisco Cândio Xavier, para tecer uma série de considerações que reforçam o entendimento do médico Ricardo Di Bernardi. Será que devemos abolir totalmente a carne do nosso cardápio ou não ingerir produtos de origem animal somente nos dias de trabalhos espirituais?
O ESPÍRITA DEVE SER VEGETARIANO?
Por Fernanda Vieira*
Amigos, no estudo sobre a espiritualidade de nossos irmãos animais, não é sempre que se encontra bons materiais. Na minha concepção, material bom é aquele que possui informações com bons argumentos, ou seja, justificativas lógicas.
Quando o assunto em pauta é a alimentação sem carne, a divergência, mesmo no meio espírita, é grande. Há alguns dias, deparei-me com um vídeo sobre a espiritualidade dos animais. Gostei. Entretanto, quando o palestrante começou a abordar sobre vegetarianismo, os argumentos foram fracos e diversas vezes equivocados.
Diante disto, gostaria de abordar o tema de maneira saudável e dividi-lo com vocês. A matéria abaixo foi publicada na revista Animais Doutrina e Espiritualidade – nº7 (Editora Mythos).
Assunto muito polêmico e de pouca reflexão no meio espírita é o vegetarianismo. Quando digitado “vegetarianismo e espiritismo” em sites de busca, são dezenas de milhares de resultados encontrados. Por outro lado, contam-se nos dedos das mãos os centros espíritas que trazem esta reflexão ao público.Há
É interessante saber que o vegetarianismo é dividido em 4 grupos, sendo que nenhum desses consomem carne:
1) Ovo-lacto vegetariano: não consome nenhum tipo de carne, consome ovos e leite;
2) Lacto-vegetariano: não consome nenhum tipo de carne e ovos, consome leite;
3) Vegetariano restrito ou puro: não consome carne, leite, ovos, mel e derivados;
4) Vegano (do inglês vegan): não consome carne, ovos, leite, mel e derivados; não utilizam vestuários com material de origem animal e nem produtos testados em animais.
Diante da procura por este assunto, pode-se concluir que muitos são os interessados nesta reflexão, mas poucos são os coordenadores espíritas que se submetem a estudar profundamente o assunto e levar a posição do ESPIRITISMO aos espíritas.
Muitos questionariam: o espírita é obrigado a seguir o vegetarianismo? A resposta, obviamente, é não. O Espiritismo nada obriga e é, acima de tudo, uma filosofia de vida, não aplica o dogma como base religiosa.
Talvez, a pergunta mais sensata seria: o espírita deve refletir sobre a possibilidade de tornar-se vegetariano? A resposta, logicamente, é sim.
O Espiritismo muito nos instrui sobre esta possibilidade desde Kardec: “Será meritório abster-se o homem da alimentação animal, ou de outra qualquer, por expiação? Sim, se praticar essa privação em benefício dos outros” (questão 724 do Livro dos Espíritos – LE).
Hoje, a maioria dos espíritas é onívora (consome tanto seres do reino animal como do vegetal), ou por falta de oportunidade de reflexão, ou por apoiar-se na famosa máxima “a carne nutre a carne” (questão 723 do LE).
A pergunta é simples e direta: por quanto tempo mais o espírita apoiar-se-á apenas nesta frase, e quanto tempo mais levará para tirar conclusões sensatas sobre o tema diante de tantas obras espíritas que revelam a realidade sobre o assunto?
Claramente, a frase citada serve aos espíritas que se colocam a favor de uma alimentação em que a carne tenha lugar garantido, e só! Não se leva em conta a época em que foi escrito, qual era a situação do homem em termos de conhecimentos nutricionais em comparação aos dias de hoje.
Tanto esta frase de 1857, quanto a participação de Chico Xavier no programa Pinga Fogo, extinta TV Tupi, em 1971, em que ele parecia instruir uma alimentação com carne para a maioria das pessoas, são justificáveis para a época. Seria leviano da parte dos Espíritos afirmar que o Espiritismo condenava o consumo de carne, pois eram escassas as informações sobre as alternativas nutricionais em substituição à carne; o que não mais se aplica nos dias de hoje.
Nos dois exemplos citados, está fortemente evidenciada a NECESSIDADE do consumo de carne para a manutenção da vida saudável, o que não é mais justificado, pois existem diversas pesquisas científicas provando ser possível uma vida saudável sem o consumo de animais. São diversos exemplos de pessoas, atletas, crianças e idosos vegetarianos e saudáveis. Então, por que ainda comer carne?
Kardec sempre nos instruiu ao estudo científico, filosófico e doutrinário, e ainda citou que fé inabalável é aquela que pode encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da Humanidade. (KARDEC, citado por Nardi). Nós, espíritas, não podemos mais justificar o consumo da carne dos animais, porque “a carne nutre a carne”, pois segundo a ciência e o próprio Espiritismo, isto não serve mais como argumento nesta discussão.
Se em 1971 Chico Xavier parecia aconselhar o consumo dos outros animais, em 1943, André Luiz em Missionários da Luz já dava indícios de que a nossa inteligência podia trabalhar em prol de uma alimentação vegetariana e esclarecia:
“(…) esquecíamos de que a nossa inteligência, tão fértil na descoberta de comodidade e conforto, teria recursos de encontrar novos elementos e meios de incentivar os suprimentos protéicos ao organismo, sem recorrer às indústrias da morte.”
Esquecemos que em O Consolador em 1997 (26 anos após a participação de Chico Xavier, juntamente com Emmanuel no programa Pinga Fogo em 1971), Emmanuel foi incisivo ao CONDENAR o consumo de carne:
“A ingestão das vísceras dos animais é um erro de enormes consequências, do qual derivaram numerosos vícios da nutrição humana. É de lastimar semelhante situação, mesmo porque, se o estado de materialidade da criatura exige a cooperação de determinadas vitaminas, esses valores nutritivos podem ser encontrados nos produtos de origem vegetal, sem a necessidade ABSOLUTA dos matadouros e frigoríficos.”
Sob justificativas antigas, em que os conhecimentos eram quase nulos sobre a nutrição vegetariana, muitos espíritas ignoram os mais recentes relatos mediúnicos que apontam o atraso espiritual da humanidade em comer carne de irmãos “menores”.
Parece que a maioria dos espíritas lendo obras como as citadas, consideram e guardam em seus corações o que lhe é útil; o que não é, como a causa dos animais para grande parte, é como se descartasse imediatamente após sua leitura. Afinal, não lhe interessa. É como aquele que se diz espírita, buscando o Centro apenas para tomar o passe e não participa dos estudos, palestras, ações de solidariedade. Vive-se superficialmente o Espiritismo, utilizando-se apenas do que lhe parece agradável.
O vegetarianismo entre os espíritas é uma semente que até pouco tempo atrás não possuía a terra fofa e preparada para seu cultivo, mas que agora começa a encontrar condições para ser semeada.
Como disse o sábio Chico Xavier no programa Pinga Fogo, há aproximadamente 40 anos:
“Se nós estamos ainda subordinados à necessidade de valores protéicos que recebemos da carne, nós não devemos entrar em regimes vegetarianos de um dia para outro e sim educar o nosso organismo para realizarmos essa adaptação (…). Para dispensarmos este tipo de concurso dos animais, precisamos tempo (…)”
E ainda sugeriu o auxílio de um profissional para aqueles que gostariam de abster-se da carne, sinalizando que, já naquela época, era possível a alimentação sem o massacre que, ainda hoje, acontece nos matadouros e frigoríficos, por vontade do ser humano.
Deixemos bem claro que ser vegetariano não implica em ser bom, e não ser, não implica em ser ruim. Entretanto, sem dúvidas, quando se deixa de comer nossos irmãos, a sintonia com energias elevadas se dá mais facilmente. Lembrando uma citação de Babajiananda, um sábio irmão: "Não é deixando de comer carnes que o ser se espiritualiza, é se espiritualizando que ele deixa de comer carnes.”
Tudo na vida é adaptação. Segundo A Gênese em 1868, “(…) à medida que o senso moral predomina, a sensibilidade se desenvolve, a necessidade da destruição diminui; termina mesmo por se extinguir e por tornar-se odiosa; então, o homem passa a ter horror ao sangue.”
Já temos muita informação sobre o assunto em epígrafe, sendo cada um capaz de discernir o certo do errado, o bom do ruim. Cada ser é único e responde a novas revelações de maneiras diferentes. Muitos estão preparados, muitos ainda não. Segundo Jesus Cristo, “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”, aqueles que ainda não, certamente um dia terão. Aí está o que chamamos de progresso e evolução espiritual.
Segundo o Irmão X, psicografado por Chico Xavier:
“Comece a renovação de seus costumes pelo prato de cada dia. Diminua gradativamente a volúpia de comer a carne dos animais. O cemitério na barriga é um tormento, depois da grande transição. O lombo de porco ou o bife de vitela, temperados com sal e pimenta, não nos situam muito longe dos nossos antepassados, os tamoios e os caiapós, que se devoravam uns aos outros.”
*FERNANDA VIEIRA: Espírita, vegetariana por filosofia de vida, doutoranda em bem-estar animal; membro da União dos Atletas Vegetarianos (UNAVEG); estudiosa da espiritualidade dos animais não-humanos. Coordenadora do blog Animais e o Espiritismo.
Referência Bibliográficas
Allan Kardec. A Gênese. Federação Espírita Brasileira, 1987.
Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. Instituto de Difusão Espírita, 1992.
Francisco Cândido Xavier, pelo espírito Irmão X. Cartas e Crônicas. Federação Espírita Brasileira, 1967.